terça-feira, 6 de junho de 2023

Porto Velho e a história recente de um transporte público que deixou a desejar

Apresentação da Frota
em Dezembro de 2015
Foto: Marcos Filho

 Apesar de uma das tarifas mais caras do país, hoje em R$ 6,00 para o pagamento em dinheiro e R$ 4,50 no cartão cidadão
, o transporte coletivo de Porto Velho passa por um momento de calmaria após o cenário de caos deixado pelo Sistema Integrado Municipal (SIM).

Tudo começou no início de 2016, após a prefeitura encerrar o contrato com as Viações Três Marias e Rio Madeira, que operavam o sistema de transporte público de Porto Velho e acumulavam diversas reclamações, principalmente sobre as condições dos veículos. Com isso, no início do ano o Consórcio Sistema Integrado Municipal iniciou as operações do transporte público de Porto Velho.

Apresentando uma frota variável, inclusive com veículo articulado, a empresa apresentou seus primeiros 50 ônibus ainda em Dezembro de 2015 em um evento que reuniu a imprensa e trouxe uma esperança para a população de que o sistema de transporte público estava dando um salto de qualidade.

O Consórcio Sistema Integrado Municipal era apresentado como um consórcio entre as empresas Ideal Locadora de Porto Velho e a empresa Amazonas Transporte de Macapá, iniciando as operações oficialmente no dia 10 de Janeiro de 2016 de forma conturbada, com o sindicato dos motoristas bloqueando a saída dos ônibus devido aos problemas na contratação dos funcionários das antigas empresas pertencentes ao Consórcio Mamoré, Rio Madeira e Três Marias.

Ônibus com padrão da EMTU
operando em Porto Velho
pelo Consórcio SIM
Foto: Paulo Afonso
O objetivo do Consórcio SIM era iniciar as operações em Janeiro de 2016 com 110 veículos, porém nem todos 0km, possibilitando o registro de veículos na rua com o padrão da EMTU de São Paulo, entre outros veículos usados, o que promoveu resultou em vários problemas mecânicos durante a operação, muitas vezes deixando a população na mão e possibilitando que o Consórcio SIM recebesse as primeiras reclamações da população que, em algumas reclamações elencaram as empresas Três Marias e Rio Madeira como melhores que o Consórcio SIM.

Uma alteração que houve no início das operações do Consórcio SIM foi a alteração da posição do cobrador dentro dos veículos, antes localizados próximos a porta traseira, com o início da operação do Consórcio Sim, os cobradores mudaram para próximos a porta dianteira, assim como nas demais cidades do Brasil, porém causando uma confusão na população que estava acostumada com o modelo anterior.

Passando os desafios propostos do início da operação, como as alterações nas linhas e toda a adequação de cartões para o da nova empresa, em Fevereiro de 2016 foi anunciado a chegada de 15 ônibus urbanos do modelo Comil Svelto 0km. Em Abril foi anunciado a compra de mais 25 ônibus urbanos 0km da mesma encarroçadora, totalizando 40 veículos 0km e fazendo com que Porto Velho fosse a capital com a frota mais nova na época.

Aos poucos a empresa foi chegando aos 180 veículos, criando rotas para atendimento nas universidades de Porto Velho, como as universitárias 1, 2 e 3; operando com o ônibus articulado, tudo estava indo muito bem, até que a crise chegou no ano de 2019.

O ano de 2019 foi marcado pela aquisição de veículos usados, possibilitando a continuação da prestação do serviço de transporte em Porto Velho, foram 15 veículos em ótimo estado de conservação, visando a reestruturação do sistema, porém, devido a falta de pagamento dos veículos, os mesmos foram recolhidos pela justiça, protagonizando mais um episódio daquilo que seria o fim trágico do Sistema Integrado de Transporte.

Alguns veículos desses adquiridos precisaram ser retirados da garagem do Sistema Integrado Municipal de guincho, pois momentos antes da apreensão eles foram depenados, além de 10 veículos que não foram localizados, veículos em outras garagens e veículos sobre posse de ex-funcionário como pagamento de dívida trabalhista. Ao total foram presos 30 ônibus.

Se em 2019 o SIM estava praticamente acabado, em 2020 foram os seus últimos meses de vida. Afetado pela pandemia, assim como outras cidades, a demanda nos ônibus reduziram drasticamente, e isso para o Consórcio SIM foi o último suspiro, sendo anunciado o fim da operação e retirada dos últimos ônibus da cidade em meio a diversos escândalos envolvendo seus proprietários, dívidas trabalhistas, greves e impossibilidade de manter a operação por frota insuficiente. A partir de 23 de Setembro de 2020, a capital Porto Velho ficou sem ônibus. Veja a nota do fim das atividades:

    O CONSÓRCIO SIM, respeitosamente, comunica a população de Porto Velho que encerra suas atividades na     data de hoje, 23 de setembro de 2020. 

Cumpre salientar que, informamos previamente a SEMTRAN sobre a impossibilidade de manutenção da operação sem que houvesse um aporte financeiro e que nos colocamos a disposição para continuidade dos trabalhos até o inicio das atividades da nova empresa, caso houvesse interesse do Município em subsidiar o pagamento de insumos e trabalhadores.


Ocorre que não houve manifestação de interesse do Município, ao contrário, seus representantes orientaram a população a não mais comprar vale transporte, razão pela qual se tornou insustentável o prosseguimento das atividades.


Agradecemos a população e principalmente aos trabalhadores pelo empenho e dedicação no desempenho de suas atividades, mesmo em período de pandemia não deixaram de atender os usuários do transporte coletivo, apesar de todas as dificuldades que o sistema de transporte há muitos anos enfrenta.

Porto Velho, 23 de setembro de 2020.

A direção

Apresentação da Frota da JTP para o início
das operações em Porto Velho
Foto: JTP/Ônibus Brasil
A empresa habilitada através de licitação "JTP Transportes, Serviços, Gerenciamento e Recursos Humanos Ltda" iniciou a operação do transporte coletivo de Porto Velho no dia 01 de Outubro de 2020, de forma parcial, pois não contava com toda frota disponível, operando plenamente no dia 17 de Outubro.

A população de Porto Velho ficou sem transporte coletivo por 8 dias, devido a ação do Consórcio SIM de encerrar a operação de forma antecipada, culpando a prefeitura pela falta de repasses financeiros para manter o pleno funcionamento do sistema e alegando que a prefeitura estaria informando os usuários para que não comprassem mais vale transporte.

A prefeitura por sua vez afirmou que garantiu recursos para que o Consórcio SIM convertesse integralmente para o pagamento dos salários dos funcionários, acontece que os salários de Maio e Junho não foram pagos.

A JTP completou 2 anos em Porto Velho em Outubro de 2022, operando todo o sistema de transporte da Capital de Rondônia, com os seus veículos caracterizados na cor azul, dotados de ar condicionado, portas USB e wifi, além da bilhetagem eletrônica e um aplicativo para acompanhar os ônibus em tempo real.

A população de Porto Velho está pagando R$ 4,50 com o Cartão COM CARD Cidadão e  R$ 6,00 em dinheiro. Os estudantes pagam meia tarifa (R$ 2,25).

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