Nos últimos tempos os usuários do transporte coletivo sentiram o aumento de 10 centavos na tarifa do sistema, passando de R$ 4,65 para R$ 4,75, lembrando que esse reajuste foi feito após uma verdadeira queda de braço judicial entre a Prefeitura de Campo Grande o Consórcio Guaicurus, responsável pelo sistema de transporte da capital sul-mato-grossense.
Mas o que a população pode esperar de melhorias no serviço? Com esse reajuste, a população não pode esperar nenhuma melhoria no serviço, pois a reajuste serve apenas para auxiliar no pagamento dos insumos para manter o sistema de transporte em pleno funcionamento.
A tarifa técnica (valor da passagem que a prefeitura e o governo federal realizam para o Consórcio Guaicurus através de repasses mensais) ficou em R$ 5,95, sendo cobrado para o usuário final, o valor de R$ 4,75.
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Ônibus da Empresa consorciada Viação São Francisco operando na linha 215 - Vida Nova/Centro Foto: Carlos Kircheim
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Durante os meses de Janeiro a Março, os usuários do transporte coletivo acompanhavam uma batalha judicial entre o Consórcio Guaicurus e a Prefeitura Municipal de Campo Grande em cima do reajuste Tarifário. De um lado, o Consórcio Guaicurus, que assumiu o contrato de concessão do transporte coletivo da capital em Outubro de 2012, defende que o reajuste tarifário seja feito anualmente, ou seja, no mês de Outubro de todo ano seja feito um reajuste na tarifa do transporte público. A Prefeitura de Campo Grande defende que o reajuste deve ser feito apenas no mês de Março, para respeitar os 12 meses de vigência desde o último reajuste, feito em Março de 2023, além de apontar descumprimentos contratuais do Consórcio Guaicurus, como por exemplo, a idade avançada da frota, tanto a idade média quanto a idade máxima de alguns veículos, passando do limite apontado no contrato de concessão.
O Consórcio Guaicurus solicita judicialmente para a Prefeitura de Campo Grande, que além do reajuste anual da tarifa, seja feita a revisão contratual do primeiro ciclo que acontece a cada 7 anos e está presente no contrato de concessão, tendo em vista que o período pós pandemia trouxe prejuízos para o consórcio, tendo em vista a grande queda na demanda de passageiros. Em sua defesa, a prefeitura aponta que a revisão do contrato do primeiro ciclo pode ocasionar em maiores prejuízos para o Consórcio Guaicurus, tendo em vista que essa revisão é feita em cima dos 7 primeiros anos de operação, entre 2012 e 2019, que de acordo com a perícia do contrato solicitado pelo Consórcio Guaicurus na justiça, apontou que o grupo obteve lucro de R$ 68 milhões durante esse período de operação.
A prefeitura solicitou na justiça que a revisão contratual seja feita no fim do segundo ciclo de 7 anos, ou seja, em 2026, para compreender o período em que a pandemia afetou o sistema de transporte da capital.
O constante crescimento da tarifa do transporte público de Campo Grande ao longo dos anos
O sistema de transporte coletivo de Campo Grande vem sofrendo reajustes ficando cada vez mais cara, porém, em alguns momentos ficou alguns centavos mais barata. Confira na tabela o histórico das tarifas:
- Em Junho de 1999 a Tarifa custava R$ 1,00
- Em Janeiro de 2001 (1 ano e 7 meses depois) foi reajustado 15 centavos, passando para R$ 1,15
- Em Maio de 2002 (1 ano e 4 meses depois) foi reajustado 20 centavos, passando para R$ 1,35
- Em Fevereiro de 2003 (9 meses depois) foi reajustado 35 centavos, passando para R$ 1,70
- Em Março de 2004 (1 ano e 1 mês depois) foi reajustado 10 centavos, passando para R$ 1,80
- Em Agosto de 2005 (1 ano e 5 meses depois) foi reajustado 10 centavos, passando para R$ 1,90
- Em Abril de 2006 (8 meses depois) foi reajustado 10 centavos, passando para R$ 2,00
- Em Abril de 2007 (1 ano depois) foi ajustado novamente 10 centavos, passando para R$ 2,10
- Em Abril de 2008 (1 ano depois) foi reajustado 20 centavos, passando para R$ 2,30
- Em Março de 2011 (2 anos e 11 meses depois) foi reajustado 20 centavos, passando para R$ 2,50
- Em Março de 2012 (1 ano depois) foi reajustado 35 centavos, passando para R$ 2,85
- Em Julho de 2013 (1 ano e 4 meses depois) foi realizado o primeiro reajuste afim de baratear a tarifa, reduzindo 10 centavos e passando a custar R$ 2,75
- Em Novembro de 2013 (4 meses depois) foi realizado o segundo reajuste barateando a tarifa, reduzindo mais 5 centavos e passando a custar R$ 2,70
- Em Novembro de 2014 (1 ano depois) foi realizado um grande reajuste de 30 centavos, passando para R$ 3,00
- Em Novembro de 2015 (1 ano depois) foi realizado mais um reajuste grande, de 25 centavos, passando para R$ 3,25
- Em Dezembro de 2016 (1 ano e 1 mês depois) foi realizado mais um reajuste grande, de 30 centavos, passando para R$ 3,55
- Em Dezembro de 2017 (1 ano depois) foi realizado um reajuste de 15 centavos, passando para R$ 3,70
- Em Dezembro de 2018 (1 ano depois) foi realizado um grande reajuste de 25 centavos, passando para R$ 3,95
- Em Dezembro de 2019 (1 ano depois) foi realizado um reajuste de 15 centavos, passando para R$ 4,10
- Em Janeiro de 2020 (1 mês depois) a tarifa do transporte coletivo retornou ao seu valor anterior de R$ 3,95
- No mesmo mês de Janeiro de 2020 (13 dias depois) a tarifa do transporte coletivo retornou ao seu valor reajustado de R$ 4,10
- Em Dezembro de 2020 (11 meses depois) foi realizado um reajuste de 10 centavos, passando para R$ 4,20
- Em Janeiro de 2022 (1 ano e 1 mês depois) foi reajustado 20 centavos, passando para R$ 4,40
- Em Fevereiro de 2023 (1 ano e 1 mês depois) foi reajustado 25 centavos, passando para R$ 4,65
- Em Março de 2024 (1 ano e 1 mês depois) foi reajustado 10 centavos, passando para R$ 4,75 e sendo a tarifa vigente atualmente.
Transporte coletivo cada vez mais caro para a população
Considerando que a maioria das pessoas pagam ao menos 2 tarifas para ir e voltar entre a casa e destino desejado, essas pessoas precisam desembolsar hoje R$ 9,30 para realizar o deslocamento.
Se pegar os dias úteis do mês de Março (segunda a sexta), temos 21 dias, e se considerar que para cada dia uma pessoa pagou 2 tarifas de R$ 4,65 para realizar seu deslocamento, temos um gasto total de R$ 195,30 no final do mês.
Se levar em conta que o salário mínimo atual é de R$ 1412, esse pessoa comprometeria 13,83% de seu salário apenas com o seu deslocamento diário utilizando um sistema de transporte público que é alvo de críticas de superlotação, pontualidade e conforto.